Por vezes , muitas, é preciso começar de início…
Nos culpamos por passagens que não controlamos…
Ainda assim, seguimos em frente, enfrentamos gente, nos explicámos de supostos acontecimentos que nos foram demolidores, nos atiraram ao chão, mas, no nosso silêncio revoltamos os pensamentos, seguimos pelo caminho que trilhamos, e de tudo fazemos para arquivar o passado…
Por vezes, muitas, lá regressa, umas devagar e outras com muita pressa…
E, devagar somos mesmo nós, que cansados, queremos andar e não ficar apressados, porque o futuro mora em nós, e dele depende a nossa circunstância presente…
E, outras vezes regressa com pressa, essa que nos fazem lembrar cada dia, como se a culpa ou culpados em nos morasse, e fossemos os sobreviventes das catástrofes de muita gente…
Então, entregámos-nos em meditação, tentando controlar a nossa pressa que prefere andar devagar, e jamais acelerar…
Todos os dias voltamos ao passado, não das coisas menos boas, mas das que nos fazem sorrir, e perceber que muitas presentes, são resultados de assuntos mal arrumados, não nossos, mas de quem os cometeu, a nós nos envolveu, e que são os verdadeiros culpados…
Avançamos, uma vezes mais fortes, outras mais derrotados, ainda assim, prometemos que tudo tem sentido, e o buscamos, onde menos esperamos, então o encontramos…
Estas batalhas são sempre feitas na solidão, para não termos que explicar cada uma que temos que travar.
Bem sabemos que quem nos vê e quem nos quer ouvir, apenas ouve o barulho que vem do exterior e não da sensatez que mora dentro, e não fora…
Mas que vida mais danada, onde todos fazem de conta mas ninguém sabe fazer mais nada.
Inventam teorias, as remodelam e voltam a inventar como se de algo novo se tratasse, quando apenas se trata de teorias desfundamentadas, por pessoas deveras quadradas…
Não mais nos iremos culpar, por assuntos que a nós não cabia solucionar, mas, parecendo fácil, se torna invencível , já que, a teoria e mente vazia, se alimenta de assuntos que não sendo deles, os fazem viver, e os vivem, por não terem vida própria, e o palco ser suas luzes de ribalta, onde impera o Ego desmedido num mundo fuso, difuso e confuso, por isso andamos sempre nisto…
Queremos nos matar, sim, isso também acontece, não por vontade própria, mas para agradar a quem não sabe mais, do que seja de nós mal falar, incutem-nos ansiedade, essa pressa que o ontem regresse e que o amanhã se apresse, que nunca, seja jamais , mas entre este danado agora e nunca, tem um caminho bem guarnecido, que nos atira para o vazio, chamado de agora que caminha sempre certo pela nossa rua fora…
Retomamos o foco, e morrer por vontade própria jamais, esta dádiva é sublime, temos que a guardar bem dentro, e dela sempre nos lembrarmos quando com os pensamentos da morte nos encontrarmos…
Por tudo isto que não é pouco, muitas vezes precisamos começar de início, porque afinal , em vida, morremos cem mil vezes pelo menos, onde a última sempre lembra à primeira , que a primeira deve demorar a vida inteira…
Eu e o Mundo (2016)
Albertina Correia
12/06/2016