saudade

Recordo  sorrisos abertos e aflitos
Mergulhado na penumbra dos dias e noites
Pleno de aromas, de paz e de sossego
Desassossegados,  intensos e serenos…

Abraços eram por dentro
Que apertavam no peito
Invisível a intensidade que brotava
No abraço que não terminava…

Mãos que sempre se entregavam no silencio
De um som vindo de longe
Dedilhando  melodiosa musica
Na solitude da  vida
Onde a  alma ficou perdida…

E foi assim,
Quando pensamos que é o inicio
Apenas chegou o principio do fim…
Hoje dói pegar na esferográfica
Que sempre registou os momentos
Dos dias que não terminam
O sentimento que não acaba
Da mão que já está cansada…

Havia tanto para dizer
Do tanto que foi bem feito
Não havia fim à vista
Do que era a nossa vivência bem vivida…
Hoje falo sózinha
Escrevo para registar cada segundo
Danço para  amar
Escrevo como forma de  abraçar…
Tantas vezes a tinta se esbate
Mesclando-se com agua salgada
Turva-se a visão
Treme a mão
Baixo a cabeça
Não apetece mais nada
Que não seja ficar calada…

Adeus foi o que não pude dizer
Abraço foi o que não pude renovar
Fiquei apenas sentada a olhar
Gritando ao mundo
A forma como ele me abateu em um segundo…

Fico agora sempre mais só
Com lágrimas geladas
Folhas cheias de vida
De amor, paz e alegria fingida…

Acabaram os sorrisos, abertos e aflitos
Está cravado a ferro e fogo
Dentro das minhas entranhas
Quero agora descansar
Quero não pensar
E porque já não  posso ter
Quero apenas adormecer
E em cada sonho  rever

A vida que ficou por viver….

Albertina Correia