Ora esta,
Se estou aqui sem consciência do que fui lá
Se estive lá sem a consciência do que fui aqui
Que mistério é este que nos volve e envolve
Nos tira o pensamento e nos coloca em abstracto o sentimento?
Ora esta,
A quem devo prestar e pedir contas
Daquilo que sou e nunca quis
E de tudo que quis e nunca fui
De tudo que sonhei ser e não sou
E de tudo que sou sem ter sonhado?
Estes envolvimentos e procedimentos
Acontecimentos em tempos
De tempos volvidos e revolvidos
Que nos acrescentam e nos subtraem
De pensamentos e sinais
Em tudo nada normais
Fazendo-nos crer que afinal
A vida é tudo menos original
Mas ora esta,
Que sem esta não fico mais
Com a outra terei que pensar
Em uma qualquer forma
De nesta ou na outra de tudo me poder lembrar
(folhas soltas)
Albertina Correia
04/08/2014
