Esta, é aparentemente uma questão simples, como simples deveria ser viver.
Mas, normalmente, não nos apaixonamos pelos motivos certos, achamos que gostamos, mas quando verificamos, ficamos muito aquém…
Basta ver o panorama das relações, sejam elas de amizade, amor ou paixão.

Sempre em desalinho, porque o que se pensava amizade , amor ou paixão, nada mais é do que um conjunto circunstancial, para rematar um momento, quiçá épico, ditado pelas normas humanas.

Se alguém me souber explicar o que é estar apaixonado de verdade, mas sem adereços humanos justificativos, serei toda ouvidos.

Por tudo isto, que não é pouco, quero me apaixonar às escuras, onde só terei acesso ao toque, ao som, às palavras da noite despidas de holofotes diurnos, que o transformam em coisas, que não são as reais.

 

Quero me apaixonar, de forma calada, sem visão, e sem audição, quero sentir apenas o vibrar dos pensamento, para sentir que fazem sentido dentro de mim, e quando clarear o dia, não me quero sentir arrependida.
Quando mais intima, mais energia vital, aquela que não tropeça na sociedade, e se transforma em outra realidade.
Mas, mesmo que consiga me apaixonar ás escuras, tem sempre o dia seguinte, o sol que se levanta, as pessoas que passam, e em mim “tropeçam” , essas que na claridade dizem e fazem as coisas, de acordo com o pré estabelecido, e que de si nada têm, porque atē a opinião interna é roubada com seu consentimento.
E eu, serei mais uma delas, colocarei em causa a minha noite, os meus pensamentos e sentimentos, a minha loucura de amar de forma apaixonada, porque eu, como a grande maioria, vivo mais de dia que de noite, e a nova claridade turva a minha paixão às escuras, que supostamente consegui, ou então, não consegui nada de nada…
Quando apagar o mundo, talvez sejamos mais nós, sem adereços, e conversas fiadas, para alimentar sistemas que ninguém já controla, contudo estamos totalmente manietados, por conceitos e pré conceitos, que nos arruinam enlouquecem e não nos deixam margem real para nos apaixonarmos de verdade, então às escuras apenas verei e sentirei o que for verdadeiro, e quando acordar espero que já seja em outro lugar.
Até lá, quero me apaixonar às escuras…
Eu e o Mundo
Albertina Correia