Estou assustada de tudo o que escrevo
E que não entendo nada
Não, não é verdade
Para mim tudo faz sentido, mesmo que não tenham percebido
E tudo que escrevo e registo em algum lugar me foi dito
Pois que não posso escrever, sobre coisas que não sei
Por isso vou acreditar que estive em outro lugar
Esse que me alimenta a alma me deixa calma
Me faz tropeçar em palavras
Com medo que elas desapareçam
E eu não as consiga organizar, da forma que me estão a chegar
Fico arrepiada
Digo e escrevo coisas que não percebo nada
Mas não é verdade, tudo tem um sentido
Apenas me faltam grafismos
Para descrever de verdade
Tudo que vou escrevendo da minha realidade
O mundo esqueceu-se
Que palavras pouco ou nada dizem
É necessário saber coloca-las
De uma forma que não se atrapalhem
E que para quem as escreve e vê
Faça sentido para quem as lê
Fecho os olhos
Sinto a alma
Fala para mim e me faz escrever memórias sem fim
Tenho a mão cansada
Mas não consigo ficar parada
O pensamento corre e não falha
Atropela-se a si mesmo
Buscando mil expressões
Para resolver dizer, e me possa fazer entender
Que estranho
Será ou não?
Não, não é
Escrever é assim mesmo, e terá que ser
Mesmo que com a mão a doer
Mudo de posição
Mas não posso mudar de mão
Certo é que não posso parar
Nem que a tinta esteja a acabar
Estou assustada
A mão não fica parada
Escreve mundos sem fim
Esperando que eu entenda
De onde vem tanta vontade de escrever a minha verdade
Vou parar, vou mudar de lugar
Hoje fui longe demais
E demais é no alem aquele ao virar da esquina
Fazendo-nos imaginar que o agora
Nada tem do alem
Mas é la que quero ficar
Sei ser la o meu lugar
Onde ninguém me aborrece
Me lê, entende e me compreende
Não fazem perguntas, porque as respostas ja são defuntas
E, é no alem que a vida muda de frequência
Deixando-nos inquietos
Para esta vida estúpida
De parvos e de parvoíces
Que só nos sabem trazer chatices
Chego
Fico aqui
Já escrevi o que um dia em algum lugar vivi
E, de mente a fervilhar
Vou pensar para outro lugar
Não me apetece estar mais aqui
Porque o aqui, não tem o aí e o aí
É o meu mais alem
Onde me posso encontrar
Mesmo que não esteja Ninguém nesse lugar…
25/04/2015
Albertina Correia