Era hora de deitar
Olhava-se o céu por debaixo do plástico

Estava escuro,

Mas as estrelas, ainda assim, conseguiam romper a noite

As pessoas passavam, ora de um, ora de outro lado…

E ela ria e sorria, enquanto a morrinha caía…
O barulho dos transeuntes ia-se esfumando

À medida que a noite ia avançando…

De cansada, lá adormeceu, debaixo do céu

Onde o que as separava era apenas um plástico

Encharcado com  gotas de múltiplas cores

Cores essas, que reflectiam alimentavam a sua imaginação

De uma presumível cama montada em cima do chão…
Era suposto ser infeliz, a petiz

Pois que quem dorme no chão

Possivelmente não deveria estar contente…

Mas ela não estava, porque ela era

E até a noite cretina, debaixo da neblina

Fazia parte do seu universo

Onde ela se sentia em casa , mesmo que a casa

Fosse em céu aberto…
Pela manhã não havia a tal rotina

Mas havia sorrisos, cevada e pão quentinho

Havia também a Avó que a abraçava com o olhar

E dentro das suas possibilidades nada lhe deixava faltar…
Os bens materiais não se colocavam

Porque o rei do pedaço , era o céu e o espaço

Esse, onde tudo  acontecia, enquanto a noite também dormia…

E quando o Sol acordava

Outra vida regressava

Tempos de outros tempos, enquanto este tempo tardava…
Eu e o Mundo

Albertina Correia