São horas que escorrem
Delapidadas usadas e cansadas
Deixam-se lentamente ou apressadamente
Morrer um dia mais à frente…
E com o tempo que inventam
As horas se multiplicam
Quando cansadas subtraem as mais usadas
Essas que sem querer caiem por terra
Sem saberem ficam semeadas
Fabricando mais horas, muitas delas paradas…
E nós que tudo temos
Com elas nada podemos
Ficamos inertes, cansados ou apressados
Em busca de outro tempo
Que não seja marcado a compasso
Não nos tire a liberdade
De viver com esse tempo, roubando o da eternidade
Por isso DALI tinha razão
Pintou com pincéis e tinta
O que poetas escrevem com a mão
Relógios que se derramam
Sobre horas que nunca param…
Correia, A (2016) Silêncio
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