Quero continuar pássaro
Livre como o vento
Vento que leva a chuva que lava
Pássaro que voa e cansado poisa
Mas quero continuar pássaro
Voar ate desaparecer
Numa alvorada
Ou em qualquer amanhecer
Ser frágil, e poder pernoitar
Naquela arvore bem longe
De tudo que me faz esmorecer
Desde a noite ate ao entardecer
Ser pássaro é ser rei dos céus
É ir e vir, e não ter quer fugir
Nem ter que desistir
Ir com o inverno
Regressar com a primavera
Olhar em volta
Ser livre para ficar ou partir
Para cantar ou para chorar
Em pranto ou em silencio
No sussurro do vento
No brilho do sol
Na suavidade do luar
E ai poder descansar até um novo acordar
Voar madrugada dentro
Guardar e dar o que tenho dentro
Sem perder nunca as asas do meu tempo
De ser um pássaro
E voar ate me cansar…
Do alto da montanha
Onde chuva chega primeiro
Onde a brisa me abraça
Onde o tempo não tem tempo
Do meu tempo de todos vós
Cada um tem seu cantinho
Neste meu mundo que é o meu ninho
Ó chuva lava-me e leva-me
Para bem longe daqui
Esbate na doce cachoeira
Cada pedacinho de mim
Que guarda cada um de vocês
Num amanhecer sem fim
Sou esse animal livre
Que precisa de voar
Não quer desaparecer
E não quer aqui ficar
Mas Este pássaro rebelde e carente
Precisa mesmo de descansar…
Albertina Correia 24/07/2014

Sr Óscar, não complique o descomplicado 🙂 , a liberdade é liberdade…
Solidão nunca foi uma prisão, não para este pássaro…
Quanto às garras, invisíveis ou não, não são elas que determinam a prisão…mas entendi o alcance…
Ah! O teu lado lírico… Eu, que conheço alguns dos teus lados, na subjectividade tua e minha, deixei-me voltar. Ainda não tinha feito “like”, mas um poema destes não precisa de “like”. Eu diria mesmo que um “like” é redutor. Deveria haver um “love”. Porque é tão lindo.
Tu sabes que, quando te leio – já to disse – espevitas a duplicidade que eu também possuo. Quase poderia assumir, que cada um leia da forma que quiser, que “às vezes quase te odeio por um segundo, Depois amo-te mais”. Como assumo que comentar-te será sempre um lugar comum para muita gente. É muito difícil, tudo parece banal se acrescentarmos algo. Melhor, corre-se sempre o risco de sermos banais e arrogantes quando entramos no teu mundo. O real e lírico.
Que dizer destas palavras vindas de quem vem?
Nada mais me atrevo a argumentar, está tudo dito…
Por isto mesmo, é que gostamos mais de umas pessoas do que de outras…ou se preferires nos identificamos mais com uma que com outras, sendo que “outras” é tão banal!!!…