“Neste chão das palavras,
escrevo o teu nome
em silêncio.
E há um brilho permanente
nesta ânsia de ti.
Neste tempo dilatado
de saudades íntimas,
sabe-me a sol vermelho
a tua persistente imagem
vestida de musa.
Mas apenas te encontro
no relicário suspenso
das emoções castigadas.
E perco-me no desvario
de te encontrar
no sôfrego abraço das perdas…”
Neste chão das palavras
Onde são escritos nomes
Impressos em silencio e dor…
Que faz o tempo se dilatar
Na ânsia de me encontrar…
E, Para lá do sol vermelho
Onde passeiam as musas
Serei apenas uma do relicário
Não de emoções castigadas
Mas de sentimentos desencontrados
Vestidos com marcas de tempo
Onde em desvario para encontrar
Esquecemos como lá chegar…
Temos que deixar partir
Em abraços despegados
Unidos pelo silencio
Que deveria ser de paz
E nunca de desalento…
AV/AC
22/07/2014

As tuas palavras na minhas, as minhas palavras nas tuas. Ou como um poema pode ser tudo, lá onde jazem as palavras. Ou, simplesmente, reflectir, com desumanidade acrescida, o coup de foudre visto ao contrário, ou como implodir o que explodiu. Tratar-se-á, por certo, de uma utopia. Mas as utopias só são contrárias da razão enquanto não se concretizam. E os desencantos podem ser fátuos como qualquer cometa que nos atravessou o céu da alma, numa noite sem estrelas.
Eu gosto sempre de acreditar que há horizontes no infinito da nossa substância, tantas vezes controversa, tantas vezes… sei lá. Hoje é dia de silêncios. A abarrotar de emoções desencontradas.
Obrigado por concluíres o que ficou por dizer. No poema. Porque a vida também é um poema a correr sem fim para um fim.