Poiso a caneta

Não escrevo mais a vida de treta

Esta que é a que temos, por a outra desconhecermos

Ou será que escrevemos esta porque é que mais nos afecta?

Entre uma e outra existe um EU

Tentando fazer o equilíbrio

De todo e qualquer assunto desde já adquirido

Mormente se perde na confusão

Do que julga ser a verdade e do que crê ser a sua razão

Entram em conflito

E não se ouve sequer um grito

Estão os três atrapalhados

Sem saber de qual os lados

Que deve andar em frente ou que precisam ficar calados

Mas nem sempre é assim

Um puxa para lá outro puxa para mim

Fazendo pender a balança para o que dá mais confiança

E assim conflituamos

Atordoada por não escrever mais nada

Como se isso fosse a condição

Para calar a mente e o EU sempre em ebulição

Claro que não

Com ou sem papel

Caneta ou pincel

A mente que mente ordenará sempre o que a circunstância

Com ou sem ilusão

Ordenará sempre à mão

Que por sua vez digitará

O que entre uma e a outra melhor se adequará

E então fico assim

Gasto papel , tinta e cetim

Com pensamentos, ilusões,mundos e confusões

Criados por humanos

Que por não saberem ou não quererem

Vivem, morrem nascem

Num mundo por eles inventado

Repleto de confusão do que cremos ser real

Onde tudo é mesmo nada

E nada não tem solução

Para os que escrevem sem aparente razão…
Albertina Correia

11/06/2015