
Depois existiu o Telmo, rapaz muito na dele, mas quando abria a boca, era só para dizer palavrões, por tudo e por nada, como se os palavrões fossem uma linguagem corrente!
Não se metia com ninguém , mas outros metiam-se com ele, umas vezes levava a melhor, outras não, e, nunca percebi se era apenas para exercerem bullying sobre ele, ou se era para o ouvirem a dizer palavrões cabeludos, fosse como fosse, era uma forma de bullying! (que chique)
Telmo era de uma aldeia próxima, chamada Nabais, por causa desse nome, muitas vezes lhe chamavam nabo, ao que ele respondia prontamente que o tinha no meio das pernas e cuidado para não o espicaçarem, caso contrário palavreava ainda pior, de tal forma que até as paredes podiam ficar vermelhas!
Tal como o Moisés, também o Telmo (embora antípodas), não fazia parte do meu grupo mais directo, apenas chamava à atenção de todos, pela sua linguagem porca!
Um dia, íamos a entrar na sala de aulas, ordenadamente, mas, todos ao molhe e fé em Deus, quando alguém atrás de mim me deu um empurrão (ainda que leve) , de imediato virei a cabeça, e, quem estava precisamente atrás, o Telmo, não me fiz rogada e espetei-lhe um valente estalo! (teve que ser
)
Ele, ficou estático a olhar para mim, com a sua mão sobre o lado onde lhe bati, e apenas me disse:
– Porque me deste um estalo?
– Não fui eu, foram os Ca***** atrás que me empurraram, f***-se, é sempre a mesma m***da!
– Olha, para a próxima mantém distância, pelo menos de mim, assim não levas mais estalos – Respondi-lhe prontamente.
Porém, foi inevitável que dentro da sala de aula, de vez em quando, eu não olhasse para ele, com pena, pois a minha mão, permaneceu marcada de uma forma que até a mim me doía, eu a olhava, como que, querendo que aquela marca desaparecesse rápido, para eu me esquecer do quanto tinha sido injusta, mas, na verdade não poderia ter feito diferente, lei da selva!
Naquele tempo não havia lugar a muitas desculpas, corria-se o risco de se passar a ser o bombo da festa!
Coisas de outros tempos, hoje em dia, bate-se por dá cá aquela palha, e mantém-se o distanciamento por causa de um vírus
!
Também nunca mais soube nada do Telmo!…
OS ANOS LOUCOS